
LEIAM ESTA CARTA:
- Minha mãe,escrevo-lhe só para você saber onde
estou e o que sou. Já faz 4 anos que fui expulsa
de casa por você por causa do erro que cometi.
Não mereci seu perdão, porque você nunca me amou.
Depois que fui expulsa, saí pelo mundo. Tentei
encontrar um emprego onde pudesse ganhar
honestamente o pão de cada dia. Tudo em vão.
Ninguém me aceitou. No meio de muitos cristãos
só encontrei desprezo e humilhações e não apareceu
um só que me recebesse como Cristo a Madalena.
Todas as portas se fecharam para mim. Nem sei como
meu filho pôde nascer! Parece, minha mãe, que sua
maldição pegou, porque ele morreu 6 meses depois.
Entretanto, ele foi mais feliz do que eu, porque
é melhor não existir do que existir, vivendo a
vida que eu vivo! Minha mãe, que horror quando
vem a fome! Loucamente, desesperadamente, tentei
mais uma vez, mas sem esperanças, encontrar
um trabalho qualquer. Cheguei até rezar, coisa
que você nunca me ensinou. Mas, quem é que
poderia ouvir minha oração? Fiz tudo para
acreditar em alguém que pudesse ter compaixão
de mim.
Um pouco de bondade que eu recebesse, já seria
bastante para que eu não viesse cair na miséria
em que eu vivo. Sim, é verdade, ninguém nos
ama se nossa mãe não nos ama primeiro! Você
me odiou quando não soube me ajudar no momento
em que mais precisei de você! Quero viver,
tenho paixão pela vida, amo a vida, mas detesto
a condição de minha vida! Eu tenho certeza
que não nasci para ser PROSTITUTA, não nasci!
Mas eu preciso comer, eu preciso me alimentar,
eu preciso me vestir, eu preciso de uma casa
para morar.
Mas quão amargo é o pão que eu como, os vestidos
que eu uso não podem cobrir a vergonha que
eu sinto desta vida, e onde eu moro, só há
proteção contra as chuvas e os ventos, pois
não posso fechar as portas para os cachorros
que me procuram a cada momento da noite e
do dia!
Quando você me expulsou de casa, eu já sabia
que você tinha amantes. Não é verdade que
você me expulsou para se livrar de mim?
Afinal de contas, os amantes se entendem,
e eles não sofrem quando estão juntos.
Eu quisera que você soubesse quanto eu sofro
nas mãos de cada homem que me visita. Eles
pintam o diabo no meu corpo e eu sinto
apenas nojo. As vezes tenho vontade de
morrer, mas não posso morrer; porque eu
quero viver como todas as criaturas querem
viver.
Ontem tive um tempinho de ouvir o rádio.
No programa falaram de Deus, que Ele nos
ama e que nos quer bem. Que tal, se você
tivesse me falado de Deus em minha infância
e na minha vida? Nem você teria me
abandonado e nem eu sentiria tão abandonada,
a ponto de não ter forças para deixar de ser
o que sou.
Até um dia, minha mãe, sabe lá onde
encontraremos!
Ainda sua filha,...
"AUTORA Anônima"