
No povoado de São Miguel do Passa-Quatro, presenciei uma
tragédia. Eu com seis anos de idade. Papai tinha um bar e
eu ficava sempre de dentro do balcão. Alguns homens
jogavam sinuca, e meu tio Júlio estava também dentro do
bar. De repente uma discussão, uma briga. Me lembro bem
que o papai ganhou alguns arranhões de faca, e meu tio
Júlio estava caído no chão todo esfaqueado, muito sangue
com o intestino saindo para fora.
Vi ainda um homem dando várias facadas; vi a faca na mão
dele suja de sangue. Saí correndo para dentro de casa e
já encontrei mamãe chorando.
Levaram meu tio para a cama, e o envolveu com lençol
prendendo a barriga dele, depois foram para o hospital;
e foi feito várias cirurgias dando resultado positivo.
Hoje, meu pai é falecido, mas , morte natural.
Meu tio Júlio que sofreu toda essa catástrofe, está vivo,
com 90 anos; e mora em Hidrolândia, Goiás. Gosta de
dançar um forró da terceira idade.
Diante desse ocorrido, traumas podem ficar quando crianças
presenciam barbaridades. Hoje tenho trauma com facas.
Na minha casa não afio as facas. São ceguíssimas.
***Minha História: Ana Maria Gonçalves***